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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Tiagolas e outras estórias

“Tiagolas e outras estórias”

Um livro com estórias

os protagonistas são pessoas com

deficiência

“Heróis sem nome”

“Aos pais dos meninos com deficiência, os verdadeiros especialistas das suas crianças, este é o seu livro de bolso. Na estante ficarão os manuais teóricos e guias de orientação práticos, aqui ventilam-se emoções e procuram-se sucessos.
A minha mais profunda gratidão por ter feito parte deste projecto de Amor.” - Joana Sá Ferreira (Médica, Interna de Psiquiatria do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Investigadora do Grupo de História e Sociologia da Ciência do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra, CEIS20)

- Um livro para a dignidade e para a inclusão das pessoas com deficiência;

- Um livro com os direitos das pessoas com deficiência;

- Um livro para sensibilizar à problemática e à causa da deficiência, nomeadamente da mental e das suas implicações sociais e educativas;

- Um livro para professores e educadores que trabalham com crianças com deficiência;

- Um livro para as pessoas com deficiência e suas famílias.

Os proveitos desta publicação revertem para o projecto de construção de uma residência para deficientes e de um centro de actividades ocupacionais, a construir em terreno cedido pela Câmara Municipal de Coimbra, projecto de candidatura aprovado pelo POPH.

Manuel Miranda
Urb. Quinta das Relvas, Lt. 17
3045 – 241 – Coimbra
Tel.: 966 617 670
miranda.manel@gmail.com

quinta-feira, 24 de março de 2011

cliente utente, trabalhador e colaborador, pai e significativo

De trabalhador a colaborador
De utente a cliente
De pai a significativo
miranda.manel@gmail.com
Era um administrador de um banco que em entrevista na TV várias vezes utilizou a designação de “os meus colaboradores”. Pela insistência, chamou-me a atenção.
Os “colaboradores do banco”, na entrevista do administrador, substituíam “trabalhadores bancários”, designação usada à época.
A palavra “colaborador” em pouco tempo conquistou espaço. Hoje é moda. Já não há trabalhadores, há colaboradores, “colaboradores são os trabalhadores das empresas em linguagem moderna”.
O dicionário da Língua Portuguesa diz que colaborar significa “trabalhar com”, “trabalhar em comum com outrem”, “cooperar”, “participar”, “trabalhar ao lado de”, trabalhar assim num ambiente de confiança, de amizade e de aproximação.
Ao recordar o administrador do banco salta-me o comentário: o administrador ganha muitos milhares por mês e o “colaborador” lá do banco ganha uns mínimos negociados à lupa. O administrador tem prémios de produção de milhões e o “colaborador” lá do banco faz muitas horas extraordinárias por ano e não lhe são pagas. Um obedece e está sempre na iminência de ser despedido e o administrador muda-se com indemnizações e prémios de milhões. São estas as novidades de todos os dias.
Mas é nos bancos que está o dinheiro e também o poder. Dicionários para quê!?...
Mas as tendências modernaças de mudar os nomes às coisas não se ficam por aqui.
Antes havia “utentes”, agora há “clientes”.
Nas instituições de solidariedade social, nos lares de idosos, nos centros para deficientes, os utentes passam, muitos já passaram a “clientes”. Numa linguagem modernaça utilizada sem consultar dicionários, que técnicos, ávidos de modernices, aceitam facilmente.
Por este andar, os alunos das escolas passam a “clientes” da escola. Os “utentes” dos centros de saúde passam a “clientes” dos serviços de saúde. Nos transportes da cidade, os “utentes” passam a “clientes”. Tudo numa linguagem modernaça.
O dicionário diz que “cliente é pessoa que compra algo”,
“cliente é a pessoa que adquire produto à venda”, que “paga o que
recebe em troca”. Mas as instituições, as escolas, são prestadoras de
serviços. O Estado atribui recursos financeiros em função dos serviços
prestados. Não há negócio, nada se vende e nada se compra. E os
serviços não andam ao sabor da concorrência, não funcionam pelas
leis do mercado.
Nesta tendência modernaça de mudar os nomes às coisas
resulta que eu era pai há mais de 30 anos. Num instante, deixei de
ser pai. Agora, pela nova linguagem, passei a ser um simples
“significativo” do meu filho.
Este saneamento de palavras dos dicionários está num “manual
de processos-chave - centro de actividades ocupacionais”, disponível
no sítio da Segurança Social, na internet.
O “manual” é um livro de 200 páginas. E em 200 páginas, nem
uma só vez aparece a palavra “trabalhador”, mas “colaborador”
aparece 122 vezes. Nem uma só vez aparece a palavra “utente”, mas
“cliente” tem 726 entradas. A palavra “pai” aparece uma única vez
como que envergonhada e num contexto pouco significativo, mas
“significativo”, como “significativos do cliente – todos os indivíduos
que estabelecem relações com o cliente de tipo afectivo, como
familiares”, aparece 160 vezes.
Estamos perante tendências modernizadoras, alheias aos
dicionários da língua.
E assim temos “colaboradores” que ganham bem, têm poderes
para contratar, despedir, avaliar e para submeter e mudar outros
“colaboradores”. Há “colaboradores” com grandes poderes sobre
outros “colaboradores”, estes precários, dependentes, obedientes,
submetidos, silenciosos, medrosos, pagos pelos mínimos, ao sabor
dos caprichos de outros “colaboradores”.
A mesma palavra, mas com conteúdos, práticas e estatutos
bem distantes.
E pelo andar das tendências modernaças ainda podemos vir a
ter “comissões de significativos de clientes de escola” e “comissões
de clientes dos centros de saúde”.
E é de ter em conta que este linguajar modernaço está para ter
seguidores. Seguidores que não conhecem tradições, nem conhecem
os significados das palavras que constam nos dicionários. Seguidores
que se acham preparados só porque utilizam palavras modernaças
perante pessoas que os ouvem com indiferença, ou desdém.
São modas!
As modas passam depressa e não deixam memória. Enquanto estão, manifestam-se assim!